Fonte (original): http://www.piniweb.com.br/construcao/tecnologia-materiais/legislacao-aperta-o-cerco-contra-ruidos-lindeiros-de-avenidas-e-226305-1.asp
PL que passa por votação na Câmara de São Paulo quer pressionar o poder público a atender aos requisitos de normalização nas áreas urbanas cortadas por rodovias. Confira algumas das soluções técnicas disponíveis para a redução do barulho
Giovanny Gerolla
4/Agosto/2011
A Câmara Municipal de São Paulo aprovou em primeira votação, no dia 4 de julho, o Projeto de lei 853/2007, que dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de barreiras de proteção acústica nos pontos do município que são cortados por rodovias. “Laudos elaborados por uma consultoria mostraram um nível de ruído muito acima do permitido”, justifica o vereador Juscelino Gadelha, autor do projeto.
A ideia do PL, que ainda passará por segunda votação na Câmara, é aumentar a pressão sobre o poder público por providências que atendam aos requisitos de normas técnicas. Segundo o vereador paulistano, no Rodoanel, apenas bairros de classe média alta estão protegidos do barulho por barreiras – “é o caso de Tamboré, Granja Viana e City América”, cita. “Já bairros mais pobres, como Perus, Jardim Raposo Tavares e Vila Mimosa continuam sofrendo com os ruídos constantes.”
Gadelha lembra também que era prevista a instalação de barreiras acústicas ao redor das pistas da Nova Marginal, o que ainda não aconteceu. A concessionária CCR RodoAnel informou, através de sua assessoria de imprensa, que ainda faz parte do cronograma de investimentos da empresa a construção de barreiras acústicas em outros dois pontos do Rodoanel Oeste – os quilômetros 22 e 23. Afirmou também que alternativas estão sendo estudadas junto à Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) para mitigar ruídos na região do Parque Imperial, na saída do túnel 2.

Painéis metálicos sanduíche, de 75 mm de espessura, formados por chapas de alumínio de 1,2 mm de espessura e com recheio em lã de rocha de 50 mm de espessura de densidade 70 kg/m³
Em abril deste ano, técnicos da IEME Brasil realizaram medições em regiões lindeiras à rodovia Raposo Tavares. Em todos os horários e pontos de medição, os valores médios de ruído atingiram patamares superiores a 60 dB. Dentro de uma escola municipal no km 15 da mesma rodovia, o barulho ultrapassou 70 dBA. Segundo o especialista, “resultados indicam que a população dessas regiões fica suscetível a problemas de saúde decorrentes da exposição contínua a ruídos, como irritação, depressão, ansiedade, insônia, distúrbios auditivos, além de doenças cardiovasculares e mentais”.

Painéis de acrílico de 15 mm de espessura e 15,6 kg/m² de massa superficial, selados com lâmina de EPDM entre painéis e perfis metálicos
Além dos altos custos não previstos à construção das barreiras em áreas, na maioria das vezes, sob concessão pública, há toda uma avalanche onerosa de processos judiciais, indenizações e perícias técnicas.
Há um grave descompasso entre poder legislativo e paraestatais como a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), que tem buscado resolver o problema através de diretrizes publicadas no Diário Oficial do Estado, estabelecendo valores máximos para ruído lindeiro, a serem obedecidos em vias expressas ou rodovias em implantação. A lei 13.885 de 25 de agosto de 2004 é tão rigorosa quanto a NBR 10.151 (Acústica – Avaliação de ruídos em áreas habitadas), quando trata de ruídos em zonas estritamente residenciais, porém, foi mais realista com as zonas mistas, mais recorrentes na cidade de São Paulo, quanto ao ruído diurno do tráfego, permitindo níveis de até 65 dBA. “A enorme falta de uniformidade dessas regras é algo a se lamentar muito”, critica o consultor Fernando Aidar.

Os painéis-sanduíche metálicos CSA 1.2 tem perfurações em uma das faces – furos circulares de 4 mm e 6 mm de diâmetro, numa área total de 73% da face; o índice de isolamento sonoro é de 27 dBA
“Isolamento acústico é um processo que impede a passagem do som de um ambiente para o outro, com materiais que permitem amortecer e dissipar a energia sonora proveniente de um foco emissor”, define Ana Marques, presidente da Associação Nacional de Empresas de Acústica (Anea), de Portugal, e porta-voz da ConsPlu, empresa portuguesa fornecedora de serviços e produtos para barreiras.
A dificuldade de propagação de som é tanto maior quanto maior forem os obstáculos a ela. “Já a absorção trata de minimizar a reflexão das ondas sonoras num mesmo ambiente, eliminando assim seu nível de reverberação”, compara. Como ondas sonoras são projetadas em todas as direções a partir de uma fonte, quando se chocam com um obstáculo, têm sua direção de propagação alterada.

Onde há vegetação e áreas residenciais, cálculos de desempenho acústico poderão alternar barreiras em painéis metálicos com chapas de vidro ou acrílico, para maior transparência
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