Donos de postos pedem mudança
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
Fonte (original): http://www.dgabc.com.br/canais/mobile/Noticia.aspx?idNoticia=5908753
Prejuízos de R$ 60 mil por mês e demissão de funcionários. Os proprietários de postos em São Caetano temem que a lei que proíbe a venda e consumo de bebidas alcoólicas nos estabelecimentos, aprovada ontem em segunda votação na Câmara, acabe com o setor na cidade.
Apesar da aprovação, os vereadores garantiram aos donos de postos que será possível fazer alterações na lei no período de regulamentação, equivalente a 30 dias. “Vamos encaminhar as solicitações da categoria ao prefeito”, disse o vereador e vice-líder de governo da Casa, Fábio Palácio (PR).
Segundo o presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis do Grande ABC, José Antonio Gonzales Garcia, o Toninho, a principal reivindicação é que a proibição tenha limite de horário. “Se o objetivo é acabar com o barulho e a bagunça, então que a venda e o consumo sejam proibidos apenas após as 22h”, disse.
DESEMPREGO
Para Roberto Leandrini Júnior, proprietário de um posto na Estrada das Lágrimas, a estimativa de prejuízo mensal pode chegar a R$ 60 mil. “Vou ter de acabar com o turno da noite e demitir seis funcionários”, afirmou.
Já Renato Murena, administrador de um estabelecimento na Avenida Goiás, a estimativa de perdas é de R$ 40 mil mensais. “Um posto não vive só de combustível. Quase metade do faturamento vem das lojas de conveniência”, apontou.
Patrícia Ulisses da Silva, 35, é uma das que podem perder o emprego como balconista em loja de conveniência. “Estou há dez anos na profissão e tenho um filho que depende de mim. O que vou fazer se ficar desempregada?”, questionou.
A lei também proíbe o consumo de álcool nos estacionamentos de supermercados, hipermercados e shopping centers.
O posto de combustíveis que infringir a norma receberá multa de R$ 5.000, valor que pode ser dobrado em caso de reincidência. O alvará de funcionamento também poderá ser cassado. As lojas terão de colocar placas em local visível para orientar seus clientes sobre as novas regras. A fiscalização será feita pela Secretaria Municipal de Controle Urbano.
Em quatro meses de fiscalização, Mauá não registra multas
Em quatro meses, a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos postos de combustíveis de Mauá causou a demissão de quatro funcionários por estabelecimento, conforme o sindicato da categoria. Segundo a Prefeitura, porém, houve nesses locais redução de ocorrências de barulho e reclamações de consumo de drogas, prostituição e direção perigosa, principal objetivo da legislação.
Ainda conforme a Prefeitura, a fiscalização, realizada pela Guarda Civil Municipal e fiscais de posturas da Secretaria de Planejamento, não flagrou nenhuma desobediência desde que a lei começou a vigorar, em abril.
O sindicato, porém, não está parado. Segundo o presidente José Antonio Gonzales Garcia, o Toninho, a categoria entrou com pedido de liminar para derrubar a lei. “Estamos aguardando parecer ainda nesta semana”, explicou. Para ele, proibir não resolve o problema do consumo de bebidas por jovens. “O que tem de fazer é fiscalizar”, opinou.